“Para que mais essa jabuticaba?”

25 de November de 2009 at 11:36 am | Posted in legislação | 7 Comments

Surpreendi-me hoje com um comentário pertinente no Bom dia Brasil. Após a exibição de uma reportagem politicamente correta sobre a recente mudança das tomadas, a apresentadora Renata Vasconcellos expressou sua indignação. “O que me pergunto, Renato,” – disse ela para o colega Renato Machado – “é: por que essa mudança? Para que mais essa jabuticaba?”.

Como bem sabemos, a jabuticaba é um fruto exclusivo do brasil. A nova tomada, também. Criada pela ABNT em 2002, com “inspirações europeias”,é diferente de qualquer padrão adotado no mundo.  A mudança, conforme Gustavo Kuster, gerente de qualidade do Inmetro, é necessária para aumentar a segurança do usuário. Esse também foi o argumento utilizado para proibir a fabricação de benjamins. Ou seja, agora, colocar no mercado um dispositivo que permite ligar três aparelhos em um único ponto passou a ser ilícito.

É aqui que nossa indignação se une a de Renata – para que mais essa jabuticaba? Que motivos teria o Conmetro para ratificar a exigência da ABNT, tornando a norma obrigatória?  Conformes dados da Abinee, a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônicaa os fabricantes devem gastar entre R$ 500 mil a R$ 1 milhão em cada linha de plugues ou tomadas para se adequarem. Pequenos fabricantes, portanto, ficarão de fora. Outros que ficarão de fora do mercado brasileiro são os fabricantes estrangeiros. Sem competição e com aumento forçado da demanda, alguém vai lucrar muito com isso. Resta saber quem. Alguma sugestão? Troco por um benjamin!

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  1. Luciana, você mostrou o custo de quem terá que adaptar suas linhas de montagem. Do outro lado existem o que vão ganhar dinheiro com isso. É assim que a conta fecha. Lembra quanta gente ganhou dinheiro com os kits de primeiros socorros nos carros?

    O lance dos benjamins, outro dia foi um fiscal do trabalho na minha empresa e me deu uma baita bronca por causa de um benjamin. Eu não sabia que estava proibido. Quando ele me contou eu perguntei: “Então por que ainda vende nas lojas?” Depois da cara de paisagem dele, ainda perguntei: “Quantos tem na sua casa?”

    Mas acho que essa nova tomada ainda ajuda a atrapalhar mais ainda a importação de produtos eletrônicos. Sei lá, nossa canhestra habilidade para fazer bobagens…

    Atenciosamente, Rodolfo.

  2. Concordo que mudanças nos padrões e costumes são quase sempre motivo de desconfiança e reação contrária. Mas se você analisar bem, esta mudança não altera muito seus hábitos. Primeiro, porque você não precisará mudar os soquetes (tomadas) da sua casa. Segundo, que os plugues (pinos) novos encaixam nos soquetes anteriores sem problema algum, por terem exatamente o mesmo diâmetro e limitações elétricas. Terceiro, que plugues de outros padrões (principalmente o NEMA, americano) já requeriam adaptadores antes e continuarão precisando. Quarto, que a condenação aos benjamins é correta, não só sob o ponto de vista de segurança elétrica (concentração de carga) como do ponto de vista de suporte mecânico. Quinto, os plugues de aparelhos produzidos no Brasil já obedecem ao novo padrão há bastante tempo, quase uma década) portanto, não há problemas com eles. Sexto, que a necessidade do terceiro ponto de contato é importante para o aterramento de determinados aparelhos que precisam deste recurso. Sétimo, o novo padrão brasileiro acompanha a norma IEC e está de acordo com o padrão europeu CEE 7/16, portanto não é uma jaboticaba. Oitavo, Os plugues de 3 pinos (fase, terra, neutro) recentemente lançados ( e respectivos soquetes ) acompanham o padrão suíço, que tem um ligeiro offset para o pino central e está em conformidade com o europlug (7/16) para pinagem dupla. O aterramento através do pino central é aconselhável em ambientes onde há um risco maior para choques elétricos, como banheiro, cozinha e outras áreas molháveis, além disso, o offset força a inserção de uma única forma. Em casos excepcionais, um bom eletricista pode fazer a substutuição dos plugues pelos de novo padrão em poucos minutos. Espero ter ajudado.

  3. “Primeiro, porque você não precisará mudar os soquetes (tomadas) da sua casa. Segundo, que os plugues (pinos) novos encaixam nos soquetes anteriores sem problema algum, por terem exatamente o mesmo diâmetro e limitações elétricas. ”

    Não entendi. Como não terei que mudar as tomadas? As tomadas atuais são completamente incompatíveis com os plugues novos. Não basta o diâmetro dos pinos serem compatíveis, é preciso que a distância entre eles tb seja, e o plugue novo tem distâncias totalmente incompatíveis com as tomadas velhas. Teremos todos que ou trocar as tomadas, ou comprar adaptadores, como estes da SMS:
    http://www.sms.com.br/produtos/acessorios-sms/novo-padrao-tomadas/novo-padrao-tomadas.asp

  4. Acho que este pessoal que defende esta ” merda ” deve trabalhar na fábrica de tomadas deste novo padrão. Com certeza alguém no inmetro deve ter montado uma fábrica ou vendido o projeto deste novo padrão de merda. Este Paulo Drummond deve ser um ET e viver em outra galáxia pra dizer que não terás que mudar tomada nem plug……….
    Em todo site ou blog que entro pra discutir o assunto sempre tem um idiota defendendo com um monte de balela que com certeza nem ele acredita. Se quiser se preocupar com segurança e bem estar do cidadão com certeza o inmetro teria muitas outras coisas muito mais importantes pra resolver, do que ficar dando prejuízo pro cidadão brasileiro, e os nossos representantes do poder público onde estão pra defender os direitos do cidadão? Pois isto está sendo imposto a nós sem sequer uma consulta. O fato é que muita gente não se deu conta disto ainda. Mas uma coisa eu falo, se estão preocupados com o povo, o que vai acontecer é aumentar o número de GAMBIARRAS elétricas dentro das casas dos cidadãos de renda mais baixa, e também na classe que presuma-se tenha o maior índice de pessoas mau informadas no país e portanto onde ocorre o maior índice de acidentes elétricos. NOTA ZERO PRO INMETRO.

    • Caro Wanderlei,

      Não creio ter ofendido ninguém no meu comentário. Não faça com os outros aquilo que não deseja que façam com você. O respeito ao próximo faz parte de forma civilizada de comunicação.

      É um direito de qualquer um não concordar com o que escrevi, assim como também é constestar, de preferência com razões técnicas bem fundamentadas.

  5. Olha só, esse Paulo deve ser de um desses órgãos que estão ganhando dinheiro…

    Aqui em casa, pelo menos, não couberam os novos plugues nas tomadas antigas. Precisei de um adaptador, não tenho dinheiro para trocar os soquetes antigos e nem quero, já que ainda tenho aparelhos com os plugues antigos e não vou gastar à toa para trocar uns vinte aparelhos e dez soquetes por causa de um aparelho só.

    Quanto à sustentação mecânica dos benjamins, realmente para transformadores é crítica. Mas as pessoas devem usar o bom-senso, e o problema, se não usarem, é delas e de mais ninguém. Está proibido? Então que venham aqui furar minha casa toda e pôr umas duzentas tomadas a mais. Não tem nem por onde passar fio, o cano é fininho e está cheio já. E aí?

    E a sustentação mecânica do adaptador também não é muito melhor que a dos benjamins. Vamos lá comprar vários benjamins antes que eles resolvam fiscalizar e tirem do mercado…

    E se precisam do fio terra, por que não então obrigarem todos os plugues terem terra? É simples! Já tínhamos um padrão para plugues com terra. E já tínhamos as tomadas com terra nesses padrões.

    Um monte de argumentos falhos para uma mudança sem sentido que foi tomada sem consultar ninguém que vai usar os novos plugues… Só quem vai vender. É o Brasil.

    • Não, Helena, não sou “de um desses órgãos que estão ganhando dinheiro…” Minha intenção ao responder foi de boa fé, tentando ajudar a compreender o problema, mas não fui entendido dessa forma. Lamento.


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